quinta-feira, 30 de agosto de 2012

''Contragosto''


Coitado do pobre reencarnado, roto, não queria ter voltado. O tempo não devia dar trela ao arrependimento, e aquelas picuinhas de outrora, ainda mais de alguém de eras passadas, jaz morto. O que foi, foi, e não mais serás. Pra que voltar, se eu só quero ir? Ir pra bem longe e não encontrar nenhum parente póstumo em outro plano. O que seria do fim, se ele é um novo começo? Isso é desacato a autoridade da Morte que rege o mundo, e um desrespeito ao morinbundo que a única coisa que deseja, é se ver fora desse mundo.

sábado, 4 de agosto de 2012

''Aflição''


É bem verdade que chegou ao fim
Adiamos algo que o final era iminente
Mas eu não quero ouvir dessa boca o veredito
 - Não dessa boca que tanto beijei!
Nos amamos, bem sei
Mas todo amor um dia acaba
E justo agora o teu acabou por mim…
Me tira o sono esse fantasma que a minha cama ronda
Essa aflição que o cigarro não acaba
Essa espera por algo que não vem
O hoje sempre vai ser vespera do amanhã
Se sonho, sonho com algo que já passou
E se amo, agora amo em vão
Adoro um passado que – por Deus, por que virou passado?
Queria poder-te sacudir o coração
E por lá dentro devolta o meu retrato que desbotou
Não quero viver de ilusão
Não me conformo, pois não sou mendigo – só estou falido
É triste toda essa dor e o teu desapego
Chega a ser desrespeito – humilho-me pois estou derrotado
Não quero viver de esperanças, nem de lembranças
Amor de um só não vai sustentar nosso chão
Prefiro sofrer sozinho à sofrer junto
Acabou, e quero que saiba, acabou comigo também