segunda-feira, 20 de outubro de 2014

''Pomar de Caveiras''

Gosto das maçãs do teu rosto
Imagino sempre um pomar de caveiras
Gosto das órbitas onde teus olhos habitam
Imagino a escuridão e a cegueira
Aprecio a natureza morta do teu corpo
Graciosa feito a manhã de jasmins
Preguiçosa feito o morto de frente a lareira
Suspenso entre as flores do jardim
Pousa em tua janela sempre o mesmo corvo
Rego aquele jarro sempre a mesma semente
Mas nenhuma flor me desmente
E nem a morte sorri para mim!

Vinícius M. Maciel

sábado, 11 de outubro de 2014

Samsara (A injúria da vida, ou seria da morte?)

Fico louco em pensar na morte!
Tarde ou cedo, me desespero
De agonia me incendeio
E um vazio fatal, toma conta do peito
Trata-se sim de uma injúria
Da única injustiça que é justa
A de não ter voz no pleito
Samsara é um rio sem leito
Onde abundantes lágrimas desaguam
E que flui se alimentando de medo

Vinícius M. Maciel