sábado, 19 de abril de 2014

''Sem Norte''

Nunca pensei que seria assim
E que a minha vida tomaria tal rumo
E a minha iminente morte viesse a tona
tão cedo...
Tão cedo.
Deus é cruel feito o homem
Mas fui eu que rebentei minha própria ruína
Fui intenso como uma erupção
Amei por mais de uma vida
Bebi sempre no gargalo
E a dose toda num trago
Chorei no colo da prostituta
Mas meu sorriso sempre foi dela
Minhas lágrimas também
Minh' alma
A calma
Meus olhos cegos e perdidos
Com a indecência de um bandido
Arranquei minhas entranhas
E pus o monstro do dédalo pra fora
Achei a morte, a doença
Sem norte
E depositei meu amor no lixo


Vinícius M. Maciel

quinta-feira, 10 de abril de 2014

''O Náufrago''

O amor é apenas coito, é gozo
E eu não consigo mais amar...
Não sei que bruxaria ou sortilégio me atingira
Tenho asas e não posso voar - como o galo
E tudo que pendia ao canto agora é rouco
Sem alicerce algum despenca
Já me é tão familiar o fosso
Que nada mais me alumia os escombros
Por Deus!
Que males ou sacrilégios cometi?
Pecado foi o teu de ter me trazido à vida!
Só uma centelha me resta ainda
Lúcido eu já não mais fico
Sou o náufrago em um mar de vinho
Se sento a proa em uma ilha
Onde eu mato a sede sempre à beira
Deixo o amor à deriva
E me isolo na solidão de um misantropo
Vinícius M. Maciel

terça-feira, 8 de abril de 2014

''O Martírio do Poeta''

O maior drama do poeta é não poder escrever
Quando não se sente mais nada no peito
Se não o vazio existencial de suas queixas
E o delírio pela dama inexistente

Amar não ter mais o que amar, é desespero
O poeta vive da esperança, e sofrer se torna apego
Mas quando é ceifada a vista do horizonte
Onde se olha e nunca se chega
Pode ser então engolido pela terra preta

Um poeta vazio é mudo, quase um defunto
Que anda por ai sem alento
E grita pra dentro, na esperança que esse buraco tenha fundo
E que o eco lhe traga uma resposta que não seja a pergunta

É triste ver o poeta em agonia
Sua decadência nunca fora dantes tão feia
Macambúzio feito os lázaros disformes
Tem preguiça de morrer mesmo sem cura
Viverá a vagar sem alma
Vai se embriagar inté ficar louco
Se perdendo nas páginas da própria existência
Vinícius M. Maciel