domingo, 30 de agosto de 2015

''Os dias''

São tristes os dias, todos eles
Da agonia, à saudade e a nostalgia
Faz da memória um velho álbum de fotografias
Tão triste de se ver…
Sinto como se tivesse morrido
Em cada um desses dias
E que o hoje, amanhã também estará morto
Todo cansaço, anseia conforto
Todo sono é um flerte com a morte
E esse vazio do tempo só se preenche com esquecimento
Viver é a tortura mais paciente
E acabamos por assim dizer, amar sentir dor
Quando se acha que a jornada é longa
E o martírio desolador
Se vê feito fumaça, ou a névoa da alvorada
A vida se esvair e '’se acabou’’
A fruta feito carne apodrece
E o que foi doce se depara na moléstia do amargo
E o tic tac do relógio, encerra com as batidas de teu coração...

Vinícius M. Maciel

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

''Desânimo Matinal''

Acordou sereno, espreguiçou-se e deu um longo bocejo
Com os olhos feito a folha acolhedora
E o pingo de orvalho, a gota perfeita
É a lágrima que cada um guarda pra si
Que evita e exita cair...
Sentiu o cheiro do café moído na hora
Cheirava a vida que lhe esvai a cada suspiro
Breve, longo e passageiro
Ouviu o comedido canto do rouxinol
E pensou nas coisas belas do mundo
- Valeriam a pena?
Pois se valem, perdera a moeda dos bolsos
E ficou a esmolar para os deuses
Banhou-se, então, em água fria
Sentira agulhadas, mais ainda sentiu a preguiça
Que fora embora a largas passadas
Vestiu-se, então, de trapos e uma máscara
Até que o céu se ponha, foi noite o dia inteiro
Até que o Sol se vá, não me brilha nem à beira
E se o sono não vir, que venha a morte então
E se a morte não vir, durmo, se não
Passo a esperar algo da vida
Que, graças a Deus, se dissipa no desânimo matinal

Vinícius M. Maciel