segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

''Desânimo Matinal''

Acordou sereno, espreguiçou-se e deu um longo bocejo
Com os olhos feito a folha acolhedora
E o pingo de orvalho, a gota perfeita
É a lágrima que cada um guarda pra si
Que evita e exita cair...
Sentiu o cheiro do café moído na hora
Cheirava a vida que lhe esvai a cada suspiro
Breve, longo e passageiro
Ouviu o comedido canto do rouxinol
E pensou nas coisas belas do mundo
- Valeriam a pena?
Pois se valem, perdera a moeda dos bolsos
E ficou a esmolar para os deuses
Banhou-se, então, em água fria
Sentira agulhadas, mais ainda sentiu a preguiça
Que fora embora a largas passadas
Vestiu-se, então, de trapos e uma máscara
Até que o céu se ponha, foi noite o dia inteiro
Até que o Sol se vá, não me brilha nem à beira
E se o sono não vir, que venha a morte então
E se a morte não vir, durmo, se não
Passo a esperar algo da vida
Que, graças a Deus, se dissipa no desânimo matinal

Vinícius M. Maciel

Um comentário: