terça-feira, 30 de abril de 2013

''Hecatombe''


Tenho paixão pela carnificina
Por essa chama assassina
O prazer pela tortura, com os olhos do verdugo

- Senta e assiste, covarde!
Assiste a mutilação do teu âmago
A dilaceração de tuas entranhas
E o cessar dos teus suspiros
És insensível para com teus sentimentos
Insiste, engasga e cospe sangue
Tudo para ti é sofrimento
E se ousas desprender-te disso algum’hora
Vê que é um saco sem fundo esse vazio

Então […]
Se o prazer do nada é o que eu sinto
Não necessito preencher esse recinto
Minha memória é um calabouço
E a morte, quiçá, minha alforria…
Vinícius M. Maciel

sexta-feira, 26 de abril de 2013

''A Mariposa''


Em sua gênese, uma larva
Lamentava ainda a morte do seu irmão, o verme
Que pela violência do arado se ceifou
Satisfeita, não desfeita
Enclausurou-se num casulo, longe do mundo
A espera de bela’sas da cor dos risos
Destemida, aspirava crisálida
Ninfa, brechava do escuro
Criou-se então uma obsessão
Pela luz ficou louca, e nada brilhou
Insanos olhos noturnos
Esdrúxula, uma mariposa se tornou
Vinícius M. Maciel

domingo, 21 de abril de 2013

''A Esmo''


Esse vazio não se preenche com o copo
Logo noto: como é triste viver
Esse trago insoluvél diante do nada – me envena a alma
Retira a saúde do meu corpo
e me traz mazelas dos meus antepassados ébrios
Me confronta a carne, o prazer e a morte
E meu coração doudo ama a esmo
Na esquina, esquecido, pede esmola e passa fome
Vinícius M. Maciel

quarta-feira, 17 de abril de 2013

''Desalmado''


Sem a esperança do desempregado
Foge do fôlego – degolado!
Ante ao desespero fiz um pacto
E é o demônio que vem toda noite me cobrar
Com um fantasma do teu retrato.
Leva logo meu coração, se não minh'alma
Pois mais desalmado que isso eu já não fico!
Cava minha cova, longe da raiz da grama que cresce
E perto do inferno que as chamas aquecem
Pequei a vida inteira, e morri sem fé, só medo
Vinícius M. Maciel