quarta-feira, 20 de junho de 2012

''Dia Quente''


Choveu pouco – nem mais o céu chora
Vejo o calor rente ao chão respirar poeira
Nenhuma gota desesperada evapora
Agonizo sob o Sol sem sombra
Rasgo a roupa que sufoca
Assim como alguém rasga a carne que prende o espírito
Não existe fuga para o desesperado
E nem água que seque a sede do sedento
Tua esperança não vem com o ocaso
É calor mesmo quand'anoitece – inquieto, brasa suspira
Sem fazer nada, nada aspira
Parado o girassol morre
Sem força não tem porque que siga
Faz calor todo dia, enquanto houver vida…


Vinícius M. Maciel

sábado, 2 de junho de 2012

''Gotas de sal''


Incrível o poder que as fêmeas exercem sobre ti, te fazem até desistir da ruina dos teus sonhos nada esperançosos, sonhos de solidão. Se não fosse a bendita esperança que o amor trás, ainda estaria por lá, sem fulano, cicrano ou beltrano a me cobrar, e nenhuma cidade grande a me prender. Não aguento a exatidão das palavras, a conivência das pessoas e a previsibilidade do destino; viver em prol dos outros; viver o que não é vida - que é vida? Sei que vida não é essa que estou levando… Agora me é claro o porque de eu sentir-me tão calmo, jogado em uma barca vulgar ao mar - o mar não tem distância, só saudade! Desprendo-me desse chão de querelas, sinto o carinho da brisa, como nunca na vida. Seria capaz o horizonte de me engolir, tal como engole o Sol? Gotas de sal, não de lágrimas, nem da cal, gotas de sal…
Vinícius M. Maciel