Sei que vai chegar bêbeda, descabelada, de madrugada, quebrando o salto, mancando, toda borrada, cansada, sorrateira na surdina da noite que te entrega, à luz da lua, pálida, faminta, suada, meretriz famigerada. Mal se dá ao respeito, que dormisse na rua, pois então, me evitaria de ver tal luxúria! Logo eu, triste borracho, cansado de festas e do azar maculado; casaste, não comigo, coitado, casaste com Cristo, ó Madalena, cadela safada! Antes fosse apedrejada, mas estás aqui comigo, fingida, frigida, mal amada e calada. Sabe, pois sim, estou certo, queria eu estar errado, queria eu ser amado, e estar deitado a cama intrépido, trepando, confabulando segredos noturnos; ouvindo gemidos, sussurros no ouvido, mordidas, saliva, fluídos corpóreos - quem queres enganar, andaste por aí na rua a praticar? Troca de interesses, favores, frivolidades... Tu és uma vagabunda de respeito! Queria espancar-te a cara, dá-lhe uns tapas, arrancar-te uns beijos e depois jogar-te fora, fazer o mesmo contigo que fazes comigo. Então, dá-me logo um trago desse vinho, e um pouco da tua língua de tabaco!
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