sábado, 30 de agosto de 2014

Hoje

Hoje não estou pra multidão
Queria uma garrafa de conhaque vagabundo
Porque hoje, cerveja alguma aquece minh’alma
Queria beber calado, afogando toda e qualquer
Palavra atrevida que teime em querer sair
Da boca
Beber e ficar surdo, para não ouvir o coração
Perder o tato na ilusão que é te tocar
Fazer da garrafa uma jaula
Que eu me sinta bem melhor dentro
Que no lado de fora que me aprisiona
Hoje não estou para comunhão
Devo morrer hoje, bem mais do que em outros dias
Da preguiça da sobriedade
Ao tédio da embriaguez
Do beco sem saída que se tornou essa falta de prazer
Tanto na perda, quanto na manutenção da lucidez
Hoje, a monotonia da ressaca de ontem
Junto a ressaca de amanhã!

Vinícius M. Maciel

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

''Sem Sair do Lugar''

Pra que,
Saber o que se quer ser, quando não se sabe o que tu és?
De nada basta!
Saber o que, se pra ti o que é o bom da vida
Imensamente te faz mal?
Quando a tua ideia de liberdade
Te aprisiona
E a ideia mais pura de amor
Pra ti se torna fatal
Nunca basta um gole, um beijo
Uma lágrima, pois sempre se quer mais
Querer tudo na vida e não querer viver
Trazer tudo pra perto e partir
Como um suicida ter medo da morte
É um pássaro ter medo de voar
Pois é assim que me movo
Sem sair do lugar…

Vinícius M. Maciel

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

''O Silêncio da Noite''

O silêncio da noite esconde ruídos assustadores
Que atormentam o coração temeroso do pobre homem
Asas negras, noturnas e um olhar turvo
O vento é lento, cortante e gelado
Gritante as folhas secas no chão se arrastam
A escuridão velada pela Lua, triste e solitária
Como no velório de toda a humanidade
Choram os que ainda tem lágrimas
Todos dormem: pois o sono é o presságio da morte
O pranto é sinal de luto
E o luto mascarador da inveja!

Vinícius M. Maciel

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

‘’Nota de um homem que ficou frente à frente com Deus e não morreu’’

Caiu pesado feito uma pluma
No estardalhaço de um ruído
Sem fé feito um anátema
Travestido de bandido

Sorriu ao ver um clarão forte
Pensou logo ser a morte
Ou as alucinações do corpo partindo

Não pensou
Nem em Deus, nem no Diabo
Nem no seu pai, coitado
Ou em sua mãe, inconsolável

E de repente, tudo escuro
Se ouviu um sagrado urro
As trompetas estonteadas
Pela ilustre alma que chegara

Nos portões do céu
O vazio e o nada
Só a triste jornada
Da universal solidão

Que triste ser eterno
Ai dos Deuses, eu não quero!
Quero mesmo é ser terreno
Com o caixão afundado em plena terra

Não sei se é o céu o que vivo
Mas no inferno me sinto
É no silêncio, meu suplício
A maldição da eternidade!


 Vinícius M. Maciel