sexta-feira, 1 de agosto de 2014

‘’Nota de um homem que ficou frente à frente com Deus e não morreu’’

Caiu pesado feito uma pluma
No estardalhaço de um ruído
Sem fé feito um anátema
Travestido de bandido

Sorriu ao ver um clarão forte
Pensou logo ser a morte
Ou as alucinações do corpo partindo

Não pensou
Nem em Deus, nem no Diabo
Nem no seu pai, coitado
Ou em sua mãe, inconsolável

E de repente, tudo escuro
Se ouviu um sagrado urro
As trompetas estonteadas
Pela ilustre alma que chegara

Nos portões do céu
O vazio e o nada
Só a triste jornada
Da universal solidão

Que triste ser eterno
Ai dos Deuses, eu não quero!
Quero mesmo é ser terreno
Com o caixão afundado em plena terra

Não sei se é o céu o que vivo
Mas no inferno me sinto
É no silêncio, meu suplício
A maldição da eternidade!


 Vinícius M. Maciel

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