segunda-feira, 29 de setembro de 2014

''Géia da tristeza''

Tu és massa fecunda, ignóbil e sem par
O mais podre lixo orgânico
Dos genes e dos germes que se agrupam
Proliferando o mal secular!
Sai das próprias vísceras, a ideia de cura
Pr’esse terror vil que te afunda
Te acorrenta e te joga no fundo do mar
Quiseste bem, com audácia,
Domar a tormenta de um vespeiro
Tem a coragem do herói trágico grego
Mas sua morte é a única glória que peleja
Fracassado e fadado a derrota
Carrega o pejo de um pária, ou poeta
Qual seja!
Ama a mulher, a Géia da tristeza
E toda noite, no seio de um demônio se debruça
A escuridão é o único Deus que festeja
Mas é no lusco-fusco ao mar
Que de alguma forma se acalenta
E toma de exemplo o Sol, que todo dia morre
Para n’outro dia desinibido nascer
E assim caminhando,
insistindo viver…

Vinícius M. Maciel

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

''A Maldição eterna do meu Eu''

Fim de noite, triste alvorada
Ouço só, a conversa entre o vento e as folhas
Calado, me atento a não escutar o frio
Que me gela a alma imortal
Trazendo a solidão de outras eras
Do primórdio do meu eu poeta
À origem do meu eu sofredor
Todos suplicam por pouco
Para que cesse esse suplício sem pudor!
E se um gênio ardiloso
De uma lampada mística surgisse
E oferecessem os tais três mágicos pedidos
Seriam eles:
Tragos de vinho, tabaco e uma morte bela
 - Embora toda morte seja bela
E ai dos queixumes mundanos
Me sigam além da carne em outro plano
Morro de novo
Até meu coração morto
Reencarnar desmemoriado outra vez

Vinícius M. Maciel