Miséria a minha, ter encarado de perto essas órbitas
Após ter arrancado fora os olhos da Medusa
Mal sabia o que estas profundas feridas guardavam
A imensidão universal das tristezas
Este crânio pomposo me fascina
É do couro cabeludo uma sina
Ser lustrado todos vórmios pelo verme
Ter o encéfalo podre carcomido com o tempo
E a consciência jogada na pocilga dos porcos
Não me ludibria mais essas serpentes
Nem seus amarelos dentes
Por todo o tabaco roubado
Sois o defunto mais cálido dentre os vivos
Que zomba dos que estão mortos ao viver
Meu sorriso é todo de caráter poente
Fecho a cara sempre que anoitece
Tenho andado por ai perdido
Entre sombras monstruosas eloquentes
De todo meu olhar abatido
As particulares angústias do conhaque
Vinícius M. Maciel
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