I Tempo
Tenho visto o tempo passar
Todo o girar e a repetição do relógio e seus ponteiros
Engrenagens traiçoeiras do destino!
Que põem a barba na cara, pelos no púbis e mamas no tórax
Torna o menino em homem
A filha em mãe
E todos em belos defuntos...
II Alvor
Amanheceu...
E é minh'alma que grita, se não o galo
As luzes de calor não mais aquecem
E o Sol dantes tão belo
O meu Lúcifer engaiolado
Nem mais o girassol o segue
- Sou eu, esta flor que todas as pétalas caíram
III Crepúsculo
É chegada a hora
Tu te vais embora com o ocaso
E o ouro do teu brilho
Levado pelos mineiros do horizonte...
Te engole enfim, o mar!
IV Escuridão
Negros lençois encobrem
Pálidos receios como a Lua
Que rouba luz e é mais bela
E torna à mostra o pranto em prata
... Libertinos e vagabundos, cães solitários da noite
Sempre por ai a vagar
Jogando a fuça na porta dos botecos que fecham
Tudo em um eterno ciclo de pesar
Enquanto Damas da Noite desabrocham
Junto aqueles que dormem para não mais acordar
Esperando a morte sem mesmo esperar
Todos nós a mercê do tempoQue eu sem dormir, o vejo passar...
Vinícius M. Maciel
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