Caminhava
como de costume pelo cemitério
Procurando
em que cova serei eu soterrado
E que
maldita caveira será minha vizinha
Era noite,
nada se ouvia além dos corvos
E nada se
via se não o feixe lunar vindo do céu trevoso...
Corria ali um vento seco e frio
Como um
triste avio de tristes espíritos
Arrastava folhas secas como os próprios corpos
E mortas
como a própria alma
Eis que
surge a aberração,visagem tanto falada
Ó
assombração temerosa, entre a bruma devoradora!
E com uma
voz de calar mortais e Deuses
Me lança
uma pergunta feito um gládio gelado nos ouvidos:
-
Quem
és tu, tolo andarilho
Tuas
passadas são a mim familiares
O que tanto
por aqui curia
Incomodando
o sono dos que há muito dormem?
Apesar do
medo que congelava a espinha
Com a
coragem que nunca tive em vida
Respondi com
o peito erguido sem ponderação:
-
O
que importa quem sou?
Olhe no
sepulcro de meus olhos mortos
E verás um
nome, nada além disso importa
O resto é
tristeza imunda!
-
Vejo
que és um maldito, pobre andarilho
Espera teu
ponteiro chegar ao fim
Ou o último
grão de tua ampulheta cair
Se és tão
triste e a morte desejas
Espere-a
como todos esperam
Ou banhe em
sangue essa carcaça pútrida que tu vestes…
Vejo na
fronte de teu crânio coberto por essa pele fina
Nascer uma
flor de agonia
Deixa então
com que o manto da morte te encubra
E que venha
ao encontro daqueles que perturba
-
Mal
sabes o quanto este abraço eu anseio
A última
gota para que o copo transborde
E o veneno
no vinho que ocasionalmente eu beba
Porém, sou
covarde
Podereis
ser tu a taberneira de Lúcifer a me servir?
Um trago de
impulso pr’eu me encontrar e me perder
E que em um
último feixe de luz, uma lâmina rápida
Ou um raio
de pólvora certeiro, eu venha a me findar...
Vinícius M. Maciel
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