domingo, 25 de novembro de 2012

'’Cinza''

O mundo é triste, cinza e morto. Monocromático, e frio como um defunto de lábios roxos. O mundo é cinza mesmo de dia, como brasa apagada, e a poeira escondida que não quer ser achada, nos confins do debaixo, de antigas tapeçarias, desbotadas, também cinzas, onde qualquer moribundo desistido da vida se enfia. Um aglomerado de almas, vultos, fantasmas, monstros, meus parentes, meus irmãos sofridentes. Sofro, e é só isso que o mundo me permite, quanto mais nos dias tristes, mas em nenhum deles há felicidade, então sou triste todos os dias, quanto mais nos dias cinzas, quanto mais nos dias que vivo. O mundo é uma cova, de umbrais pelados, de dias nublados e pedestais sempre descalços. Pragmático, previsível - mil tons de cinza para a felicidade invisível, e assim cinzento vivo.

Vinícius M. Maciel

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